“O Autor na Praça” recebe o ator, diretor e coordenador Antonio Pedro Borges de Oliveira em Pinheiros

O Autor na Praça recebe no próximo sábado, dia 13 de setembro, Antonio Pedro Borges de Oliveira em tarde de autógrafos do livro “To play or not to play – O trabalho teatral do CETE”. O ator, diretor e coordenador do CETE – Centro Experimental Teatro Escola, Antonio Pedro apresenta no livro um texto em que lança suas reflexões sobre a experiência deste grupo teatral que há mais de 15 anos detém uma posição importante na “cena teatral” do Rio de Janeiro. O livro fruto de uma bolsa da Faperj, rico em informações, vem acompanhado por um DVD com dois documentários realizados durante/sobre as montagens teatrais de “Electra”, a tragédia de Sófocles transmutada em uma ópera popular afro ameríndia, multirracial e colorida, uma aventura humana desenrolada em dez meses de 2002, na quadra da Estação Primeira de Mangueira, em total sintonia com a comunidade. Aliás, a mesma de “Incrível Encontro”, outra investida em uma criação teatral, outro musical, outro documentário, mais de 150 pessoas em cena, 18 meses de trabalho na Fundição Progresso, Lapa, Rio de Janeiro, entre 1999 e 2000. Os documentários destas aventuras humanas foram realizados por Júlio Calasso, paulista, que se envolveu com estas montagens teatrais e viveu no Rio de Janeiro entre 1998 e 2005, produziu os espetáculos do grupo e registrou em mais de 150 horas os 12 espetáculos montados no período. Além da tarde de autógrafos, teremos a exibição do documentário “Electra” na tenda/Espaço Plínio Marcos, onde acontece o projeto. Informações sobre Antonio Pedro, o CETE e os documentários abaixo.

To play or not to play – O Trabalho teatral do CETE – Toopbooks – 167 págs. – R$ 36,00

Serviço:

O Autor na PraçaAntonio Pedro autografa o livro To play or not to play.

Espaço Plínio Marcos – Tenda na Feira de Artes da Praça Benedito CalixtoPinheiros

Dia 13 de setembro de 2008, sábado, a partir das 14h. (A exibição do documentário acontece às 18h.)

Informações: Edson Lima – 3746 6938 / 9586 5577 – oautornapraca@oautornapraca.com.br


Realização
: Edson Lima , Júlio Calasso e Associação dos Amigos da Praça Benedito Calixto.

Apoio: Max Design, Jornal da Praça, Pablo Orazi Webdesign; Ponto de Fuga Cultura, Cinema e afins; Criart Comunicação; Gula Goumert, Restaurante Consulado Mineiro e Cantinho Português.


Sobre o livro “To play or not to play – O trabalho teatral do CETE”

O teatro brasileiro produziu pouco pensamento. Os diretores brasileiros chegaram com força e modernidade há pouco mais de meio século. È tudo muito novo. Produzimos, portanto, muita prática e pouca teoria, e a pouca que consumíamos vinha de pensadores e/ou criadores estrangeiros. E, de uns tempos para cá, com a criação de cursos acadêmicos avançados, passamos a ter também a produção de um pensamento acadêmico sobre a prática teatral brasileira. Poucos de nós, diretores, teorizamos sobre nossa prática, como fez Bertolt Brecht, Peter Brook, Grotovski e outros. Sempre praticamos pela teoria dos outros: Brecht, Brook, Grotovski, etc. Antonio Pedro fura este cerco e traz para a discussão do teatro tradição e transgressão, intimamente ligadas por um discurso, ao mesmo tempo que erudito, bem-humorado, inteligente e honesto. Um texto acadêmico que nega a academia. Alegra-me ser orelha e ouvidos deste discurso. (Amir Haddad)

(…) Antonio Pedro escreve como fala, e há nisso uma grande virtude, pois seu pensamento sobre uma importante aventura teatral é desenvolvido como algo que passa pelo cotidiano. Dá ao leitor que não faz teatro uma idéia precisa do processo criador, como ele acontece de forma espontânea, mas, ao mesmo tempo, é organizado e mobilizado pelo diretor/adaptador. Mesmo sendo um leitor compulsivo, Antonio prefere imprimir o tom da sua própria palavra falada na descrição do que viveu com os atores, do que pensou e do que pensa. (…) Este livro oferece uma preciosa chave para entender os processos criativos de Antonio Pedro e seu CETE, mas vai além, reflete a preocupação e as buscas estéticas de muitos grupos e diretores contemporâneos voltados para uma arte libertária fundamentada nas expressões e nos jogos da maioria da população brasileira, tão rica em suas manifestações espetaculares e tão longe dos palcos (…).

(Zeca Ligiéro).





A estrada do CETE – sucessor das inúmeras experiências de um grupo de artistas e técnicos em artes cênicas que trabalham juntos desde 1985. Seus parâmetros – pesquisa do teatro popular brasileiro, criação coletiva e mistura de profissionais e amadores – tornaram-se expressos no TUERJ de 1993 a 1996, se aperfeiçoaram entre 1999 e 2000 na Fundição Progresso com o espetáculo “O Incrível Encontro” (ópera popular sobre 500 anos de História do Brasil) e se consolidaram com a montagem de “Electra” na Mangueira numa parceria com a comunidade do morro. Os principais objetivos do grupo são: fazer da arte um instrumento de profissionalização e desenvolvimento da cidadania, educação, ampliação de conhecimentos e ao mesmo tempo realizar espetáculos impossíveis de serem produzidos pelos mecanismos de mercado. O CETE é um Teatro Escola onde se aprende fazendo e participando de oficinas permanentes. Forma, gratuitamente, artistas e técnicos vindos das camadas mais pobres da sociedade; não exige qualificação prévia, fornece lanches e auxílio transporte e os atestados de participação são reconhecidos pelo Sindicato para registro profissional provisório. Os projetos buscam a originalidade na montagem de clássicos da dramaturgia, como Shakespeare, Oduvaldo Vianna Filho, Ferreira Gullar, Plínio Marcos, Sófocles além de textos de criação coletiva, como “Saga da Farinha” e “Rapsódia Suburbana”, o próximo projeto. Já foram realizados, com a chancela do TUERJ, dezessete espetáculos e como CETE, outros 10.

A origem dos documentários


“A cena teatral é rica, a memória é pobre”

(Júlio Calasso: concepção, imagens e realização dos documentários)

É pobre a memória e a documentação de montagens teatrais no Brasil. Importantes fases, momentos e espetáculos ficaram só na saudade. No jargão corrente, “quem viu, viu… quem não viu…” Há, felizmente, uma mudança de percepção. Novas condições técnicas permitem o registro de projetos teatrais a um custo viável em vídeo e outras mídias digitais.

A realização dos documentários – No princípio não havia nenhuma intenção definida, apenas a intenção de registrar os acontecimentos, digitalmente, quando o grupo ensaiava ou se apresentava publicamente. Hoje são mais de 180 horas de imagem, a maior parte captadas por uma VX 1000, da Sony, com câmera na mão, sem tripé nem iluminação especial, foco automático, feito turista, abençoando a tecnologia digital que permitiu, desta maneira, captar toneladas de imagens e sons registrando o modo de agir e ser do CETE. Deste processo todo, realizamos 03 documentários para TV, exibidos com excelente repercussão na TV Cultura e STV (TV Sesc/Senac), em rede nacional: “O Incrível Encontro”, “Electra na Mangueira” e “Electra no Municipal”.

“O INCRÍVEL ENCONTRO”, o documentário – O “Incrível Encontro” é também título do documentário, o primeiro, exibido em outubro de 2001. Resulta da montagem teatral desenvolvida de julho de 1999 a novembro de 2000, na Fundição Progresso. Documenta e discute os métodos, formas de ação e objetivos do grupo e porque e como o CETE se mescla com estes jovens e adultos, não profissionais, das camadas mais pobres da cidade. Foram mais de 400 horas de edição, perseguindo a linguagem que pudesse traduzir a riqueza deste refinadíssimo e poderoso espetáculo.

“ELECTRA”, os documentários – A montagem na Quadra da Escola e o espetáculo de encerramento no Theatro Municipal permitiram realizar dois documentários que completam a trilogia que abarca o processo de realização artística e de aprendizado profissional, conduzido pelo CETE, há mais de 10 anos, na cidade do Rio de Janeiro.

“ELECTRA na MANGUEIRA” – Trata do processo de criação da tragédia de Sófocles; as dificuldades e conquistas, a surpreendente e corajosa participação da comunidade do morro na transformação de “Electra” em uma ópera popular, brasileira, colorida, multirracial.

“ELECTRA no MUNICIPAL” – O espetáculo no Theatro Municipal se transformou em um surpreendente registro graças a uma generosa parceria com a TV ZERO, que cedeu equipamentos e equipe com os quais realizamos “Electra no Municipal”. Um instante único, o momento em que a comunidade, (mais de 1.500 pessoas entre os quase 2.000 convidados), “se apropria” daquele espaço mítico, o Theatro Municipal e o transforma em seu espaço de convivência, mesmo que apenas por uma noite, com o mesmo respeito que guarda com a Quadra da Escola.

Sobre Antonio Pedro – Antônio Pedro Borges de Oliveira nasceu em 11 de novembro de 1940, no Rio de Janeiro. Sua fisionomia expressiva e seu espírito irreverente e brincalhão definem um estilo que encontra nos papéis de comicidade expansiva seu campo mais propício. Aberto a propostas novas e disposto a subverter toda a ordem que não conduza à criação, Antônio Pedro atua em várias áreas da profissão – de ator e diretor a cargos políticos e de administração pública. (Fonte Dramaturgia Brasileira). Veja biografia completa e imagens da carreira aqui.





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