Moradores culpam ocupações por degradação de Pinheiros

“Crianças que moram em um cortiço invadido aqui do lado arrombaram a porta da pizzaria e furtaram garrafas de Coca-Cola e moedas”, acusou Novella Ciscato, dona de uma pizzaria na Rua João Moura, próxima da invasão da Rua Cardeal Arcoverde, em Pinheiros, zona oeste, onde estão entre 25 e 32 famílias. “A molecada já entrou aqui para furtar um celular”, protesta Eduardo Saretta, dono de uma galeria de arte na mesma região.

Vizinhos dos imóveis ocupados dizem que as invasões “deterioraram a região” e “influenciaram no aumento dos furtos e do uso de drogas na área”. Em Pinheiros, nos quarteirões entre a Cardeal Arcoverde, a João Moura e a Praça Benedito Calixto, essas consequências ficam evidentes no dia a dia. Ao circular por lá, por exemplo, a reportagem foi abordada por crianças e adolescentes que pediam esmolas, deparou-se com pessoas dormindo em calçadas próximas das ocupações e flagrou jovens consumindo crack.

A empresária Sara Monroe decidiu fechar seu bar na Cardeal Arcoverde por medo do aumento da violência na área. “Neste ano, já invadiram e roubaram meu negócio”, contou. “Quando deixava mesas na calçada, crianças pegavam cadeiras, talheres e tudo o mais e saíam correndo.”

Alternativas. No mês passado, o dono de uma das galerias encontrou uma forma de impedir a tomada de uma casa na frente do seu estabelecimento, na João Moura. Saretta chamou um grupo de artistas para pintar as paredes do local e criar instalações.





Semanas antes da intervenção, um grupo de sem-teto tentou quebrar a grade de uma das janelas do imóvel, que foi vendido para uma construtora e será demolido para dar lugar a um prédio. Não tiveram êxito. “E desde que pintamos o imóvel, não tentaram novamente.”

Outra estratégia é se aproximar dos invasores. “Conversamos bastante com a família e os jovens que entraram em um sobrado aqui da rua”, afirmou Saretta. “A proximidade impede que façam alguma besteira e é boa até para eles, que passam a ser mais aceitos no bairro.”

Preconceito. Segundo o coordenador do Movimento Sem-Teto do Centro, Hamilton Sílvio de Souza, a reação dos moradores é preconceituosa com os sem-teto, “que são obrigados a habitar pontos degradados e vivem uma vida em meio ao lixo porque não recebem o apoio devido”. Ele disse não ter sido informado sobre ocorrências de furtos supostamente cometidos por pessoas ligadas ao movimento. “Incomodados, os vizinhos costumam inventar situações para nos desqualificar.”

Fonte: O Estado de S. Paulo





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