Artista sofre abordagem de ladrão após realizar intervenção em Pinheiros

A artista de rua Letícia Matos foi vítima de uma tentativa de assalto na tarde de sexta-feira (10) em Pinheiros, Zona Oeste de SP. A reportagem do site G1 presenciou a abordagem do criminoso, na esquina da Rua Félix Bracquemond com a Rua Padre Carvalho. No local, Letícia havia concluído uma nova série de suas intervenções urbanas.

O projeto de Letícia consiste em “vestir” postes e árvores pela cidade com tricô ou chochê e sempre pendurar “13 pompons” – expressão que deu nome ao movimento.

“Acho legal a gente poder experimentar as coisas. O tricô é um negócio super caseiro e pode estar no espaço urbano. Com esse trabalho eu quero encorajar as pessoas a ocuparem a cidade, a olharem a cidade. Criar essa relação até de zelo pelo lugar que a gente vive.”

Ironicamente, após dizer isso ao G1, ela sofreu uma tentativa de assalto quando anotava o local onde fez a intervenção em seu iPhone, como costuma proceder. Um homem de moto passou ao lado de onde a artista no bairro de Pinheiros fez sua intervenção, simulou estar armado e exigiu o celular da artista, que reagiu. “Não! Atira, então”, respondeu em um impulso.

Após a negativa, o assaltante, que estava com capacete, disse voltaria e deixou o local acelerando a moto. A abordagem ocorreu a poucos metros de um dos principais endereços da Polícia Civil em São Paulo: a sede do Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo, onde a artista fez o relato da tentativa de assalto.





Depois do susto, mesmo reconhecendo a violência da cidade de São Paulo, Letícia disse que ainda acredita na cidade e por isso tenta deixá-la um pouco mais colorida, além de arrancar sorrisos pela rua. “Eu não sou daqui, não sei se vou morar para sempre em São Paulo, mas acho que [a cidade] ainda tem jeito. Eu tenho esperança.”

Em um ano, a artista calcula que já fez mais de 3 mil pompons, em cerca de 160 postes ou árvores. Ela conta que a ideia surgiu em uma tarde, sentada em uma praça de São Paulo com amigas, ensinando a fazer tricô. O resultado do trabalho foi colocado em uma árvore, por brincadeira.

Foi então que Letícia percebeu que aquilo podia virar um projeto que chamasse a atenção das pessoas para questões deixadas de lado, como o tempo. “O colorido do tricô, além de fazer contraste com o cinza da cidade, mostra que a pessoa que fez aquilo, um negócio super caseiro, levou tempo para fazer. Resgata a ideia de parar de correr, que tanto se faz no dia-a-dia.”

Após o incidente desta tarde, ela se assustou, mas afirmou que não vai deixar o medo parar suas intervenções em São Paulo.

Fonte: G1





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