Deputado acusa bancada governista de esvaziar reunião sobre acidente do metrô em Pinheiros

O deputado Sebastião Almeida (PT), presidente da Comissão de Serviços e Obras Públicas da Assembléia Legislativa de São Paulo, acusou nesta quarta-feira a bancada do PSDB de fazer uma manobra e esvaziar a reunião em que o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) e a Polícia Técnico-Científica apresentariam relatório sobre o desabamento da futura estação Pinheiros do metrô, em janeiro de 2007. Sete pessoas morreram no acidente.

“Nunca vi uma reunião desta Comissão na qual não compareceu nenhum deputado convocado”, afirmou Almeida, após encerrar os trabalhos por não ter “número regimental” de deputados para conduzir a reunião.

Para a reunião de apresentação do relatório desta quarta-feira foram convocados pela comissão João Fernando Gomes de Oliveira, presidente do IPT, que é vinculado ao governo do Estado–, o coordenador da superintendência da Polícia Técnico-Científica, Celso Periolli, e seis deputados membros efetivos da comissão: Analice Fernandes (PSDB), Roberto Engler (PSdB), Ana Perugini (PT), Jose Bruno (DEM), Alex Manente (PPS) e Uebe Rezeck (PMDB).

Oliveira e Periolli, que prestariam os esclarecimentos aos deputados, também não compareceram à reunião.

Oliveira tinha sua presença confirmada até a terça-feira (17) às 19h10, mas enviou um fax afirmando que o engenheiro Tadeu Pereira, responsável pelo centro técnico que dirigiu os trabalhos nas obras do metrô, não poderia comparecer. Por isso, o presidente do IPT também não viria à Assembléia prestar esclarecimentos.

Periolli enviou um ofício à comissão justificando que não poderia comparecer por ter outros compromissos, mas que se a comissão concordasse enviaria os peritos responsáveis pelo laudo.

Almeida afirmou que irá convocar novamente o presidente do IPT e o responsável da Polícia Técnico-Científica pela “importância deles comparecerem para esclarecer o público sobre o acidente. Se deve dar uma satisfação à sociedade brasileira”, disse.

Segundo a Folha Online apurou, ouve uma reunião informal da bancada do PSDB no mesmo horário em que estava marcada a reunião da Comissão de Serviços e Obras Públicas, da qual são membros efetivos dois deputados tucanos.

Outro lado





A assessoria de imprensa da liderança do PSDB na Assembléia afirmou à Folha Online que não ouve reunião da bancada do partido no momento da reunião sobre o acidente e que os deputados da base do governo não compareceram a reunião apenas porque receberam a informação de que o IPT e a Polícia não compareceram para apresentar o relatório.

A principal hipótese dos promotores do Ministério Público que investigam o caso –Arnaldo Hossepian e Carlos Amin Filho– é de omissão no caso. Segundo eles, as obras não tinham plano de contingenciamento de riscos para o entorno da área nem um sistema eficiente de evacuação do canteiro.

O Consórcio Via Amarela é o responsável pelas obras da linha-4 do metrô, e afirma que a principal hipótese para a tragédia da cratera na estação Pinheiros está ligada ao trabalho geológico feito pelo IPT na região nos anos 90.

Acusações

Em recente nota, as construtoras acusaram a recente investigação do IPT –órgão do governo do Estado– de buscar se proteger de eventuais falhas cometidas na ocasião.

“Fica claro que o IPT [Instituto de Pesquisas Tecnológicas] procurou defender o trabalho de pesquisa geológica por ele realizado”, afirma trecho da nota. “Está exatamente nesta área a maior probabilidade de ser encontrada a causa principal do acidente”, completa.

O estudo geológico em Pinheiros feito pelo IPT na década passada, após ser contratado pelo Metrô, foi usado na elaboração do projeto da linha 4.

O instituto concluiu seu laudo (de R$ 6,55 milhões, pagos pelo Metrô) sobre as causas do acidente, que matou sete pessoas em janeiro de 2007, e culpa principalmente erros no trabalho das construtoras –embora tenha considerado deficiente a fiscalização da estatal.

O resumo do documento diz que, dos 11 principais fatores que levaram ao acidente, dez são ligados diretamente à atividade do consórcio -formado por Odebrecht, OAS, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez e Alstom.

O instituto havia dito no dia 9 de junho que “é uma instituição séria e independente” e que seus técnicos “têm competência reconhecida” e nunca se sujeitariam “a possíveis interesses comerciais ou políticos”.

Fonte: Folha Online





Deixe seu comentário