Pinheiros é o bairro mais antigo de São Paulo. Situa-se ao sudoeste da cidade, ao longo do Rio Pinheiros. Tem por centro de seu núcleo principal o largo de mesmo nome. Seu nome é devido às grandes extensões de pinheiros nativos (araucária brasilienses) que ali existiam.
Teve sua origem no século XVI, quando os indígenas tupis do campo deixaram Piratininga devido a concorrência dos portugueses que lhes ocupavam as terras, e ali estabeleceram uma nova aldeia, onde hoje se situa o largo central do bairro. Desde então, novas aldeias foram criadas e algumas fundadas pela providencia do padre José de Anchieta. Algumas delas são: Aldeias de São Miguel, Itaquaquecetuba e Nossa Senhora dos Pinheiros. Os índios lavravam nas aldeias dos padres e dependiam dessas terras para seu sustento. Quem administrava essas terras geralmente eram capitães escolhidos pelos oficiais da Câmara.
No decorrer do tempo, alargara-se o domínio territorial dos nativos, porém diante da má administração das aldeias pelos “capitães brancos” (que mais exigiam dos nativos do que lhes davam) as aldeias foram se despovoando, a ponto de 1681 habitarem na aldeia de Pinheiros apenas 16 indivíduos. Somente em 13 de Agosto, quando um índio foi nomeado para tomar conta da aldeia, a população local cresceu.
Muitos anos se passaram desde então, e tendo desaparecido a aldeia, ficaram os índios com plena liberdade para morarem onde bem lhes conviessem. No entanto seus remanescentes viviam na mais profunda miséria, ao redor da igreja. Em Dezembro de 1819 já não existia mais em Pinheiros um único descendente dos antigos tupis; a população dessa aldeia foi várias vezes renovada e algumas vezes foi aniquilada.
População
Somente a partir de 1930 deu-se início à real expansão populacional de Pinheiros, acompanhando o crescimento da capital paulistana. Uma grande massa de população que chegava ao bairro, se dirigia com o objetivo de se ocuparem e efetuarem compras no grande centro comercial que funcionava.
Dentre as muitas raças que se fixaram, destaca-se um elevado número de japoneses e de seus descendentes, os quais tomam parte, juntamente com os nacionais, em todas as atividades do bairro.
Embora perdendo grande parte de seu território para a formação dos bairros de Cerqueira César, Vila Madalena e Jardim das Bandeiras, foi a criação da vila Cerqueira César um dos fatores positivos para que Pinheiros viesse a ser envolvido no todo da grande metrópole.
Obras que deram impulso ao desenvolvimento do bairro
A sociedade Hípica Paulista
Em 1921 foi transferida a sociedade Hípica Paulista ao bairro de Pinheiros. Porém, esta organização modular já fora fundada a dez anos antes na residência do Dr. Carlos Botelho.
Em 1913 foi iniciada oficialmente sua atividade. A partir de então começaram os concursos hípicos oficiais programados pela Sociedade, que foi se expandindo tão rapidamente que não mais encontrou possibilidade de manter-se no Jardim da Aclimação. Foi aí que sua diretoria adquiriu em Pinheiros um lote de terras para iniciar um novo projeto.
Diante de brilhantes concursos hípicos, torneios internacionais e festas da elite paulistana, o bairro de Pinheiros se tornara cada vez mais movimentado, trazendo enorme multidão de toda São Paulo que contribuíram para colocar o bairro em evidência.
O Mercado
No dia 10 de Agosto de 1910 foi inaugurado o “Mercado dos Caipiras”, como passou desde logo a ser conhecido, pois os produtores que ali compareciam para vender suas mercadorias eram sitiantes, os caipiras.
Dia 20 de Setembro, o prefeito do município Antônio Prado promulgou leis onde seria aberto um mercado rural em Pinheiros com regulamento e taxas do mercado de tropeiros. Ali eram vendidas, além de mercadorias comuns, fazendas, sítios, chácaras, terras agrícolas e de criação, colheitas, animais vivos, tijolos, telhas, pedregulhos, areias, madeira, etc.
Com a doação de terra em frente a capela dos Pinheiros o mercado foi construído com a área de 4. 842 metros quadrados. Este foi mais um passo para o desenvolvimento do bairro.
A Cooperativa Agrícola de Cotia
Um dos grandes fatores do desenvolvimento das atividades comerciais do bairro, já iniciado com abertura de um mercado, foi a instalação ali da Cooperativa Agrícola de Cotia. Ela se dedicava ao cultivo de batatas fornecendo seus produtos ao Mercado de Pinheiros. Porém, diante da dificuldade de transporte com a quantidade grande de produtos a serem exportados para o mercado, foi criado um depósito em frente ao mercado de Pinheiros, onde foi se desenvolvendo no decorrer dos anos até quando outras secções foram instaladas para novos produtos e criação de outros departamentos, tais como sedes esportivas, escolas, pensionatos escolares, aviários para cooperados e mesmo residências para estes.
A Cooperativa Agrícola Paulista tem refletido de maneira poderosa no desenvolvimento do bairro de Pinheiros, onde, além da sede e junto a esta, encontra-se um dos depósitos de vendas, comerciando no atacado e no varejo. Responsável no bairro pela grande movimentação de sua zona atacadista, uma parcela bem pujante do movimento financeiro local a ela deve ser atribuída.
Transportes, Luz e Água
Três fatores indispensáveis ao progresso de um bairro constituem –se em: transportes, luz e água. Assim, não poderia o bairro de Pinheiros desenvolver-se sem que até lá atingissem os trilhos da Light and Power.
Diante da dificuldade de transporte mais precário (como os bondes) e a necessidade dos moradores do bairro de se dirigirem ao centro da cidade, passara o bairro ser atendido por larga frota de auto ônibus pertencentes a grande número de empresas, entre as quais , além da Companhia Municipal de Transportes Coletivos, Empresa Vila Ipojuca, Empresa Auto Aviação Taboão Ltda, etc.
A circulação cresceu tanto que ao abrangia desde quase todos pontos da cidade, até linhas de ônibus intermunicipais e interestaduais. Não tão rápida a chegar, como os veículos, a iluminação elétrica das ruas só atingira a Pinheiros a 30 de outubro de 1915. Mas foi ele o primeiro, na capital de São Paulo, a receber iluminação de gás de mercúrio.
História
A região de Pinheiros é considerada pela grande maioria dos historiadores como o primeiro bairro de São Paulo, tanto por suas origens indígenas quanto portuguesas. Após a chegada dos jesuítas ao planalto que originaria a cidade de São Paulo, um grupo indígena se instalou às margens do Rio Grande, que posteriormente ficaria conhecido como Rio Pinheiros (justamente devido ao nome da região). Parte de sua taba ficava no atual Largo da Batata, um local protegido das habituais inundações das margens do rio. Essa região habitada pelos indígenas tornou-se uma vila conhecida como Farrapos, e para a catequese dos índios foi erguida uma igreja com o nome de Nossa Senhora da Conceição.
A área de Pinheiros àquela época correspondia ao território que se estende desde o Butantã até parte do Pacaembu. Pertencia a uma sesmaria doada por Pedro Góes em 1532 e que, a partir de 1584 passou a pertencer a Fernão Dias Paes. Este último foi um dos responsáveis pela expulsão provisória dos jesuítas do local, pois como bandeirante não concordava com a postura jesuíta contra a escravização dos índios.
A vila indígena, que passou a ser conhecida como Aldeia dos Pinheiros, ficava isolada da vila paulistana devido à topografia da região. Apesar disso, sempre foi importante por causa do estreitamento das margens do Rio Pinheiros, o que facilitava muito sua travessia e acabou tornando-se um trecho obrigatório de diversos caminhos que cruzam a região, sejam de indígenas ou bandeirantes. Sua importância acentuou-se com a construção de mais vilas ao sul e de uma ponte que atravessa o rio. Essa ponte foi muito utilizada nos séculos seguintes e, por ser destruída regularmente devido às enchentes, foi substituída por uma de metal em 1865.
No início do século XVII, o Caminho de Pinheiros, que atualmente corresponde à Rua da Consolação, era um dos mais destacados da Vila de São Paulo, por ser o único acesso à aldeia e à outras terras além do rio.
O desenvolvimento econômico e populacional do bairro posteriormente foi causado pelo sítio do Capão, uma propriedade altamente produtiva que se localizava nas terras da sesmaria, principalmente quando esta se encontrava sob comando de Fernão Dias Paes Leme, o “Caçador de Esmeraldas” e neto do antigo dono da sesmaria.
A região de Pinheiros possuia também uma boa quantidade de quilombos, os esconderijos e moradas dos escravos que fugiam de suas propriedades e lá se instalavam devido as boas condições oferecidas pelo bairro com sua abundância de terrenos baldios e mato muito espesso. Nesses quilombos também se abrigavam assaltantes que atacavam viajantes que passavam por Pinheiros, por volta do século XVIII.
O progresso se estabeleceu na região apenas na época do ciclo do café no Brasil, principalmente em São Paulo, e foi constituído com o dinheiro proveniente das exportações do produto. Ao final do século XIX a região recebeu um bom número de imigrantes italianos e, posteriormente, já no século XX, de japoneses. O bairro começou a se firmar como uma região de classe média, com grande presença de comércio e indústrias.
Por volta de 1920 é fundada a Sociedade Hípica Paulista, que gozava de intenso movimento, principalmente das classes mais abastadas, sendo um dos grandes pontos de encontro dessa elite paulistana até meados do século XX. Cinco antes antes, em 1915, foi firmado um acordo entre o governo do estado de São Paulo e a Fundação Rockfeller para a construção da sede da Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo.
Esse acordo também previa a criação de um hospital para ser utilizado no aprimoramento dos estudantes e ao mesmo tempo no atendimento da população mais carente da capital paulista e até do interior do estado. Este hospital, que por uma série de dificuldades começou a ser construído apenas em 1938 , foi chamado de Hospital das Clínicas e inaugurado oficialmente em 19 de Abril de 1944. O hospital ainda é um dos principais da cidade e é considerado o maior complexo hospitalar da América Latina.
Com a consolidação da cidade de São Paulo como maior centro econômico e financeiro do país, o distrito de Pinheiros teve algumas de suas áreas escolhidas pela elite mais rica da cidade para fixar residência. Estas áreas são os atuais bairros Jardim Europa , Jardim Paulista e Jardim Paulistano , que, junto ao bairro vizinho de Cerqueira César (que pertence ao distrito da Consolação ) formam a região conhecida como Jardins, o reduto de boa parte da classe mais abastada da cidade.
Foi neste distrito que ocorreu um acidente em janeiro de 2007 com o colapso de um túnel de metrô.