No dia da inauguração, moradores lembram cratera na Estação Pinheiros

Sete pessoas morreram no desabamento do canteiro de obras da Estação Pinheiros, da Linha 4-Amarela, ocorrido há quatro anos. Além dessas mortes, muitas famílias tiveram que sair de casa. No dia da inauguração da nova estação, essas pessoas relembraram o dia do acidente.

O engenheiro Hugo Alabi e a filha Letícia acompanharam a chegada do metrô no bairro de muito perto. Mas não imaginavam que a vida deles e de outras pessoas iria mudar tanto por causa da obra. Eles moram a poucos metros da Rua Capri, que foi parcialmente engolida pela cratera aberta no canteiro de obras, no dia 12 de janeiro de 2007.

Um micro-ônibus e vários carros desapareceram no meio dos escombros. Sete pessoas morreram soterradas. As buscas pelas vítimas duraram quase duas semanas. “Foi assustador porque não dava primeiramente para identificar o que era. Caiu tudo de repente, e o barulho foi muito grande. Foi um estrondo, isso que causou a estranheza do momento”, lembrou Letícia.

Para Hugo, uma tragédia anunciada. No imóvel dele, hoje reformado, havia várias rachaduras. Quando foi reclamar, recebeu uma carta que dizia que os problemas na casa não foram causados pela obra, mas por fatores como o envelhecimento e o desgaste natural. O ofício era de 19 de dezembro, menos de um mês antes do acidente.





Dois anos depois, o consórcio voltou atrás e pagou a indenização. “O acordo basicamente era o reparo da casa, por parte da construtora, fiscalizado pelo Metrô. E pagamento de uma indenização pelo trabalho que eu perdi e os danos morais”, contou. Na época do acidente, quase cem imóveis foram interditados. O Metrô fechou acordo com 78 proprietários. Mas ainda tem muita gente esperando na Justiça por uma decisão.

A bióloga Zelma Marinho está até hoje com um dos quartos da casa interditado. As rachaduras começam na fachada e se estendem por todo o imóvel. “A casa está descolando. A garagem está abrindo, você percebe a rachadura, a mesma rachadura fora e dentro de casa”, disse.

A situação do funcionário público José Roberto Romero é ainda pior. Todos os cômodos da casa estão interditados. Há rachaduras imensas e o assoalho está cedendo. O forro da cozinha despencou. “Porque foi onde que ocorreu tudo. Quando houve a detonação, às 8h, às 8h05 caiu tudo aqui. Foi em setembro, quatro meses antes [do acidente]. Quando aconteceu o problema da cratera, não foi novidade para mim. Agora eu só espero da Justiça, porque é a única que pode resolver”, afirmou.

O presidente do metrô de São Paulo, Sérgio Avelleda, diz que apenas 2% do total de famílias atingidas não foram indenizadas porque recusaram o valor oferecido pelo consórcio. A decisão depende agora da Justiça. Em relação às famílias das pessoas que morreram, ele afirma que a indenização foi paga em “tempo recorde”.

Fonte: G1





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