Pinheiros: greve-surpresa de ônibus causa tumulto no Largo da Batata

Mais de 1,5 milhão de passageiros foram pegos de surpresa, no início da tarde de ontem, com a paralisação de aproximadamente 2 mil ônibus municipais, cerca de 20% da frota da capital paulista. Segundo a SPTrans, ficaram fora de circulação 1,2 mil veículos. A volta para casa no fim do dia foi cheia de transtornos, principalmente para quem mora na zona sul de SP. O protesto foi promovido pelo sindicato dos trabalhadores da categoria, que exige aumento salarial de 7,3%, entre outras reivindicações.

Durante o protesto, houve tumulto, envolvendo passageiros no Largo da Batata, bairro de Pinheiros, e também no Terminal Lapa, ambos na zona oeste de SP. O Lapa chegou a ser fechado no fim da tarde pelos motoristas e a Polícia Militar foi chamada para conter a confusão entre motoristas e passageiros revoltados por não terem como deixar o local.

Os passageiros que precisaram seguir para a zona sul foram os mais prejudicados pela paralisação, que atingiu todas as garagens da cidade e afetou a circulação de ônibus das 15 empresas que servem o Município.

Segundo os trabalhadores, o protesto teve início na tarde de ontem, após a SPUrbanuss (sindicato patronal) oferecer aumento de 5,5% no dissídio, marcar reuniões para negociar o valor e não comparecer. O sindicato das empresas diz que sempre esteve aberto a negociações.

A SPUrbanuss ofereceu 5,5%, com base no Índice Geral de Preços (IGP) acumulado do último ano. O sindicato dos trabalhadores pede os 7,3% sustentados pela inflação de maio, medida pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

A reportagem também apurou que o princípio de greve pode ter tido origem no aumento de cerca de 4% oferecido pela Prefeitura no subsídio às empresas de transporte público. O valor seria insuficiente para cobrir o reajuste pedido pelos trabalhadores.

Conforme funcionários do setor, os sindicalistas ligaram no início da tarde e pediram que ninguém entrasse nas garagens. Os primeiros a deixar o serviço foram os responsáveis pelo setor de manutenção dos veículos. Sem os reparos e revisões necessários, os ônibus que chegavam aos pátios eram recolhidos imediatamente e não puderam retornar às ruas no horário de pico da tarde, quando a totalidade da frota deveria estar nas ruas.





No Socorro, zona sul, a adesão foi grande. “A gente ganha R$ 1,5 mil líquidos por mês e carrega 300 pessoas nesses ônibus biarticulados. Você não acha que a gente merecia mais?”, indaga o motorista Alberto da Silva, de 36 anos, revoltado com o valor oferecido pelas empresas.

No início da noite, patrões e empregados se reuniram para discutir o aumento salarial. Em seguida, a diretoria do sindicato dos motoristas e trabalhadores do transporte avaliaram a proposta feita pelas empresas.

Havia a possibilidade de que a manifestação tivesse continuidade na madrugada de hoje, com paralisação total da frota entre as 3h e as 6h, no horário de saída dos ônibus. O protesto, porém, foi descartado já no fim da noite.

Ficou definido que a diretoria da entidade convocará os trabalhadores para uma assembleia hoje, às 16h, na sede do sindicato da categoria, no bairro da Liberdade, no centro de São Paulo. Durante o encontro, a proposta feita pelos empresários será debatida.

SPTrans. Segundo a SPTrans, responsável pelo transporte coletivo na capital, cerca de 1,2 mil veículos ficaram nas garagens durante a paralisação, mas nenhum passageiro ficou sem ônibus. O órgão municipal afirmou que houve apenas aumento no intervalo de tempo entre os veículos, podendo ter dobrado o período de espera pelos passageiros. A SPTrans disse também que nenhuma linha deixou de funcionar por causa do protesto.

Sobre a interdição do Terminal Lapa no fim da tarde de ontem, afirmou que as plataformas foram liberadas ainda no início da noite e os passageiros puderam tomar os ônibus normalmente.

A SPTrans informou também que irá aplicar as multas previstas no Regulamento de Sanções e Multas (Resam) por veículo que deixar de cumprir as partidas programadas.

Fonte: O Estado de S. Paulo





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